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Perfil do Acadêmico(a)
Ignacio de Mourão Rangel
- Cadeira:
- 26
-
Naturalidade:
- Mirador, MA
- Data de Nascimento:
- 29 de fevereiro de 1914
- Data de Falecimento:
- 04 de março de 1994
- Data da Eleição
- 22 de agosto de 1991
- Data da Posse
- 29 de novembro de 1991
- Recepcionado(a) por:
- Mário M. Meireles
- Antecedido(a) por:
- José Jansen
Ignácio de Mourão Rangel, nasceu em Mirador-MA, a 20 de fevereiro de 1914 e faleceu no Rio de Janeiro em 04 de março de 1994. Filho de juiz, advogado por formação, foi o mais criativo e original analista da economia brasileira no século XX. Ainda muito jovem, influenciado pelas ideias do pai, participou da Revolução de 1930. Depois se aproximou do Partido Comunista e integrou a Aliança Nacional Libertadora (ANL), colocada na ilegalidade em 1935. Na prisão, estudou história e economia como autodidata. Iniciou então uma revisão crítica das principais teses defendidas pela esquerda. Sempre considerando-se um socialista, passou a buscar a especificidade do desenvolvimento brasileiro, recusando a simples adaptação de teorias importadas.
Esse esforço o levou a construir um quadro analítico próprio. Usou de forma criativa idéias de Adam Smith, Karl Marx, John M. Keynes e Joseph Schum- peter. Defendeu a hipótese de Nicolai Kondratiev, recusada pela escola soviética, de que o desenvolvimento capitalista obedece a ciclos longos, gerados pelas economias centrais, que são aquelas capazes de criar novas tecnologias. Incor-porou essa hipótese como pano de fundo de sua reinterpretação da história do Brasil. Tamanha independência custou-lhe considerável solidão intelectual e tornou mais difícil a difusão de sua obra.
A militância intelectual de Rangel se estendeu ao Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), a centros universitários e ao Clube dos Economistas. Mas, além disso, ele foi também um homem de ação. Trabalhou em várias instituições decisivas para o surto de desenvolvimento que o Brasil experimentou no segun¬do após-guerra. Na assessoria econômica de Getúlio Vargas, ajudou a elaborar os projetos da Petrobras e da Eletrobras. Como chefe do Departamento Econômico do BNDE (hoje BNDES), participou da execução do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. No Conselho de Desenvolvimento, coordenou uma série de estudos e análises sobre a economia brasileira.
As contribuições intelectuais mais decisivas de Rangel podem ser agrupadas em cinco grandes temas: a hipótese da dualidade básica, os estudos sobre a dinâmica capitalista, a reinterpretação da inflação brasileira, o debate sobre a questão agrária e o papel do Estado na economia. O primeiro desses temas ocupa um lugar central no pensamento de Rangel, que mostra ali toda a sua originalidade. Quando a Dualidade básica da economia brasileira foi publicada, em 1957, Alberto Guerreiro Ramos assim reagiu: “O Autor descobriu a lei fundamental da formação econômica do Brasil.”
Para Rangel, a dinâmica histórica brasileira se distingue dos casos clássicos porque os nossos processos sociais, econômicos e políticos não dependem apenas de relações internas, mas também da evolução das relações que o país mantém com as economias centrais. Dessa dupla determinação surge uma dualidade estrutural da economia e da sociedade brasileiras, cujos movimentos históricos relacionam-se aos ciclos longos de Kondratiev.
A obra de Rangel estava até hoje dispersa e inacessível à grande maioria dos nossos pesquisadores, professores e estudantes. Ei-la aqui reunida: sua tese de conclusão de curso na Comissão Econômica para a América Latina, escrita em espanhol e agora traduzida pela primeira vez; sete livros e monografias extensas; quatro coletâneas de textos que estavam esgotadas; e quinze artigos longos, dispersos em diferentes revistas. O debate sobre os problemas do Brasil contemporâneo se tornará doravante mais rico com o resgate mais pleno das ideias desse gigante do pensamento brasileiro.
- 1953 – A Dualidade Básica da Economia Brasileira ISEB — Instituto Superior de Estudos Brasileiros.
- 1954 – Introdução ao Desenvolvimento Econômico Brasileiro.
- 1957 – Desenvolvimento e Projeto.
- 1958 – Elementos de Economia do Projetamento.
- 1961 – A Questão Agrária Brasileira. Rio de Janeiro: Presidência da República, Conselho de Desenvolvimento.
- 1963 – A Inflação Brasileira.
- 1980 – Recursos Ociosos e Política Econômica.
- 1982 – Ciclo, Tecnologia e Crescimento.
- 1985 – Economia, Milagre e Anti-Milagre.
- 1987 – Economia Brasileira Contemporânea.
- 1993 – Do Ponto de Vista Nacional.