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Fundador Complementar

Raimundo Corrêa de Araújo

  • Cadeira

    16

Biografia

Nasceu na cidade maranhense de Pedreiras, a 29 de maio de 1885, época em que era modesto lugar de cuja povoação e desenvolvimento seus genitores, coronel Raimundo Nonato de Araújo e dona Antônia Corrêa de Araújo, foram destacados pioneiros.

Bem moço ainda, viajou para São Luís, onde se radicou e veio a falecer a 24 de agosto de 1951.

Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela antiga Faculdade de Direito do Maranhão. Lente de Sociologia e de História Universal do Liceu Maranhense, diretor da Imprensa Oficial (1918) e, nos períodos de março de 1930 a julho de 1942, e de agosto de 1945 a agosto de 1947, diretor da Biblioteca Pública do Estado. No primeiro período, investido em caráter efetivo no cargo, teve uma gestão tumultuada por graves desinteligências que resultaram em suspensões, licenças forçadas, disponibilidade, relotação etc. O segundo período administrativo serviu-lhe como uma espécie de desagravo.

Contava Corrêa de Araújo 23 anos de idade quando participou da fundação da Academia Maranhense de Letras, ali instituindo a Cadeira Nº 16, sob o patronato do poeta Raimundo Correia.

Poeta de vocação forte e irrenunciável, Corrêa de Araújo fazia de si próprio tão alto conceito, que se proclamava O Último Sabiá de Atenas, como, aliás, dizia expressamente grande placa de bronze que existia sob o busto do poeta, na Praça do Panteon, e que, roubada juntamente com o busto de Humberto de Campos, levou a Academia Maranhense de Letras a, por uma comissão de seus membros, entregar memorial ao prefeito Tadeu Palácio reivindicando vigilância permanente aos monumentos ou a imediata remoção deles daquele logradouro. Adotada a segunda alternativa em outubro de 2007, foram os bustos do Panteon realocados no pátio interno do Museu Histórico e Artístico do Maranhão.

Homem-poeta de ardentes e arrebatadoras paixões, supunha-se, de lira em punho, no pleno domínio de uma arma poderosa, capaz de provocar abalos sísmicos e desfechar ataques com potência de muitos megatons verbais. Daí suas exaltadas e às vezes furiosas invectivas, a exemplo das desferidas nos poemas satíricos (ambos de 1908) Pela Pátria, contra a oligarquia republicana e A Tirania, contra o rei português D. Carlos, e em favor de Guerra Junqueiro, a quem dedica seu segundo livro de poesias, Evangelho de moço, chamando-o “O Mestre Amado.”

Digno, também, de especial menção o excerto da Apóstrofe aos Impérios Centrais, publicado na Revista da Academia Maranhense (São Luís, Ano 2, v. 2, 1919, p. 73-76), com a indicação de pertencer a um folheto inédito contra a Alemanha imperialista.

Homem de sentimentos extremados e extremosos, punha a mesma verdade interior quando vociferava, furibundo, e quando se compungia, referto de blandície.

O professor Domingos Vieira Filho (1924-1981), sucessor imediato de Corrêa de Araújo na Academia Maranhense de Letras, dotou de criterioso aparato biobibliográfico a edição de Acrópole (São Luís: Ed. da Academia Maranhense de Letras, 1960. 173p.), obra póstuma do poeta. No item Bibliografia do Autor, relaciona 27 trabalhos, entre livros, folhetos e publicações esparsas em periódicos.

Com certeza, o fundamental da obra de Corrêa de Araújo encontra-se em seus três livros, a saber: Harpa de fogo, reeditado nas celebrações de 2008 (Série Fundadores, volume 6 da coleção Publicações do Centenário), Evangelho de moço (São Luís: Tipografia de Ramos d´Almeida, 1906. 157p.) e o já citado Acrópole, obra póstuma.

Corrêa de Araújo, que no livro de estréia, reeditado em 2008, declara-se filiado à Renascença Literária, no livro seguinte, Evangelho de moço, apresenta-se como “operário” da Oficina dos Novos, instituição da qual efetivamente fez parte, como titular da Cadeira 22, patroneada por Marques Rodrigues.