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Fundador Complementar

Antônio Francisco Leal lobo

  • Cadeira

    14

Biografia

Nasceu em São Luís, a 4 de julho de 1870, e faleceu na mesma cidade, a 24 de junho de 1916.

Jornalista, poeta, romancista, professor, tradutor, publicista e polemista compulsivo. Dirigiu a Biblioteca Pública, o Liceu Maranhense e a Instrução Pública. Diretor d´ARevista do Norte (1901/1906), periódico ricamente ilustrado,e do jornal A Tarde(1915/1916); colaborou em diversos outros órgãos da imprensa maranhense. Antônio Lobo é, sem favor nenhum, uma das mais importantes figuras de sua geração. Amigo da mocidade, foi o principal agitador de idéias de seu tempo e o entusiasta da renovação mental do Maranhão. Um dos fundadores da Academia, onde, curiosamente, não teve papel relevante, ali instituiu a Cadeira Nº 14, patrocinada por Nina Rodrigues.

A seguir, sua bibliografia, da qual foram excluídos os trabalhos meramente burocráticos e a copiosa colaboração em jornais e revistas.

Por sua inata capacidade realizadora e de liderança, Antônio Lobo muito contribuiu para o rompimento das amarras da “tristíssima e caliginosa noite” que se abatia sobre o Maranhão, numa fase em que as esporádicas produções “não avulta[vam] em face do que o passado produziu”.

Essa tomada de consciência foi o grande estímulo para a ação revitalizadora que se operou em nossa terra. Não se deixando vencer pelo desânimo que pudesse causar o passamento muita vez trágico e/ou prematuro de Gonçalves Dias, João Francisco Lisboa, Gomes de Sousa, Celso Magalhães, Trajano Galvão, Sotero dos Reis, Odorico Mendes, Adelino Fontoura, Gentil Braga, Henriques Leal e muitos outros, concitou os seus coetâneos, numa atitude que me faz recordar Rainer Maria Rilke: “Para os criadores não há pobreza nem lugar pobre”.

Com a efetiva participação de Antônio Lobo, o Maranhão foi sacudido de sua letargia, para a grande ressurreição espiritual que nos deu os Novos Atenienses.

Foi, assim, um verdadeiro agitador de idéias, impelido pela “temperatura moral” de que fala Taine, a quem Antônio Lobo, em seu mencionado livro contesta, arrimado a Adolphe Coste. Com efeito, não se pode negar validade à assertiva de Taine, segundo a qual “o grau seguinte tem sempre por condição o precedente e nasce de sua morte”.

Parece não haver dúvida de que, em termos de obra literária pessoal, bem mais avultada e substancial poderia ter sido a contribuição do autor de A carteira de um neurastênico.
Talento e cultura não lhe faltaram. Lobo, entretanto, no exercício da liderança de seu grupo, teve que incluir forçosamente na rotina de seu labor intelectual, atividades mais de impacto que de profundidade. Foi, como vários outros intelectuais desta província de letras, um homem que se gastou e desgastou no periodismo. Aí se explica a profusão de jornais e revistas de que participou ativamente, e as polêmicas ruidosas em que se envolveu. No jornalismo diário despendeu energias, mantendo uma evidência (necessária à sustentação de sua luta restauradora) que muito perderia com o fluir do tempo.

Certamente não seria descabido presumir que nos dias imediatamente anteriores ao de sua morte trágica, tivesse palavras mais amargas que as de Teófilo Gautier, também, como Antônio Lobo, herói e mártir do periodismo.

Ao que até aqui ficou dito, sirvam de fecho, como norte programático, estas sugestivas palavras de Antônio Lobo: “Para que do máximo brilho e esplendor se revista sempre a reputação intelectual da terra que nos serviu de berço e onde sempre temos vivido, terra a que, igualmente, se vinculam os maiores penhores do nosso afeto de homem e os mais fortes estímulos da nossa modestíssima atividade mental”.