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Patrono

Aluísio Azevedo

  • Cadeira

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Biografia

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo nasceu em São Luís do Maranhão, a 14 de abril de 1857, e faleceu em Buenos Aires, a 21 de janeiro de 1913. Era filho do comerciante português Davi Gonçalves de Azevedo e de Emília Branco. Aprendeu a ler e a escrever com os provectos mestres-escolas Raimundo Joaquim César e José Antônio Pires. Muito novo ainda, serviu de marçano no estabelecimento comercial de Davi Freire da Silva. Mas cedo recalcitrou da vassoura e do balcão, e foi estudar desenho com o italiano Domingos Tribuzi. Confiado nas lições do mestre e no talento próprio, mudou-se para o Rio de Janeiro, começando a trabalhar na imprensa, como caricaturista, nos jornais Fígaro e Mequetrefe. Não foi muito feliz nessa primeira estada na Corte. Regressa ao Maranhão e faz jornalismo na A Flexa, de João Afonso Nascimento, ótimo desenhista. A crônica leve e ágil, risonha e ferina algumas vezes, principalmente contra o clero corrupto da época, que se entrincheirava n’A Civilização, seduz o nosso futuro romancista. Colabora n’O Pensador, de Eduardo Ribeiro e na Pacotilha, de Vítor Lobato. Publica o seu primeiro romance, Uma lágrima de mulher, que passa despercebido. O romance era fraco e excessivamente romântico, ao gosto de Lamartine. Temperado pelas lutas encarniçadas que entreteve contra o clero, aleitado em Zola, rompe com a tradição romântica e nos dá, em 1881, esse belo livro que é O mulato. Foi uma bomba de inopino lançada contra a sociedade maranhense de então, conservadora, dada a beguinagens, negreira e atrasada. O livro era seivoso e realista. Introduzia em nossa literatura um elemento novo que estava à margem: o povo miúdo, e focalizava, sobretudo, a figura do mulato, ousadia para a época, insulto atirado à face dos senhores todo-poderosos. O romance obteve um desses êxitos que hoje chamaríamos de best-seller. Menos em certas camadas sociais da Província, menos no seio dos padres corrompidos, libidinosos e amorais, que combatiam Aluísio pelas colunas d’A Civilização. A partir daí a fama alteia o nosso romancista nos seus braços. Muda-se em definitivo para a Corte e passa a viver exclusivamente de literatura. Sucedem-se os romances, faz conto, fantasia e teatro, de parceria com o irmão Artur Azevedo e outros. Mas o seu grande forte é o romance de costumes, nos quais retrata a gente humilde dos subúrbios ou dos bairros pobres do Rio de Janeiro com incrível verossimilhança. Depois de intensa produção literária, cansado das lutas da imprensa, sem maiores reivindicações artísticas a fazer, pois era um nome coroado pela fama e imortal, buscou Aluísio cargo digno que lhe facultasse compensadora remuneração e merecido descanso. E vegetou, é bem o termo, na carreira consular, servindo sucessivamente em La Plata, Cardiff, Nápoles, Vigo, Assunção e, como adido comercial, nas legações do Brasil no Chile e na Argentina, onde faleceu. É patrono, também, da Cadeira nº 3, da Academia Amazonense, fundada pelo maranhense Raul Azevedo. Na Academia Brasileira de Letras, de que é um dos fundadores, criou a Cadeira de Basílio da Gama.

Bibliografia

  1. Uma lágrima de mulher. São Luís, 1879.
  2. O mulato. Maranhão, 1881.
  3. Memórias de um condenado. Rio de Janeiro, 1882.
  4. Mistérios da Tijuca. Rio de Janeiro, 1883.
  5. Casa de pensão. Rio de Janeiro, 1884.
  6. Filomena Borges. Rio de Janeiro, 1884.
  7. O homem. Rio de Janeiro, 1887.
  8. O Coruja. Rio de Janeiro, 1889.
  9. O cortiço. Rio de Janeiro, 1890.
  10. O esqueleto. Rio de Janeiro, 1890.
  11. A mortalha de Alzira. Rio de Janeiro, 1893.
  12. Livro de uma sogra. Rio de Janeiro, 1895.
  13. Os doidos, comédia, com Artur Azevedo. Rio de Janeiro, 1879.
  14. Flor de lis, opereta, com Artur Azevedo. Rio de Janeiro, 1882.
  15. Casa de orates, comédia, com Artur Azevedo. Rio de janeiro, 1882.
  16. O mulato, Rio de Janeiro, 1884.
  17. Venenos que curam, comédia, com Emílio Rouède. Rio de Janeiro, 1885.
  18. O caboclo, drama, com Emílio Rouède. Rio de Janeiro, 1886.
  19. Fritzmarck, revista, com Artur Azevedo. Rio de Janeiro, 1888.
  20. A república, revista, com Artur Azevedo. Rio de Janeiro, 1890.
  21. Um caso de adultério, comédia, com B. Rouède. Rio de Janeiro, 1891.
  22. Em flagrante, comédia, com B. Rouède. Rio de Janeiro, 1891.
  23. O touro negro, crônicas. Rio de Janeiro.

Perderam-se, parece, uns manuscritos de um livro sobre o Japão.