Filho de Antônio José de Araújo e Edith Raposo Martins Araújo, nasceu a l° de agosto de 1932, numa segunda-feira aziaga, em São Luís do Maranhão, na Rua dos Afogados, esquina com a do Ribeirão, já de janelas abertas para o Teatro Artur Azevedo, a cujos espetáculos teatrais assistiu (todos!) entre seus cinco e treze anos de idade, levado pelas mãos de sua madrinha e mãe de criação, Edith Barbosa Pinto, que vendia, na caixa do Teatro, cafezinho e mingau de milho para os artistas das companhias visitantes e para os espectadores durante os intervalos das peças.

Essa mordomia só foi interrompida por dois anos com o advento da 2ª Guerra Mundial, em 1938, quando seu pai, proprietário da Mercearia Gaúcha, sita na testeira do Ribeirão, foi obrigado a passar o ponto a fim de honrar as dívidas para com seus fornecedores, em decorrência de um calote de 30 contos de réis da Prefeitura de então, que deixou de descontar em folha o fornecimento que ele fazia aos garis da capital. Enquanto o pai providenciava vender seus bens, morou em Viana por dois anos, ocasião em que, pela manhã, estudava numa escola municipal da Rua Grande, e, à tarde, um velho mestre-escola leigo lhe orientava o preparo das lições e exercícios ali passados.

Em agosto de 1947, com 15 anos de idade, ainda cursando a 4ª série do antigo ginásio dos Maristas, ao lado da Sé, foi convidado pelo irmão Eloy José, diretor do estabelecimento, a ministrar, à noite, aulas de Português e História do Brasil, na Escola Champagnat, por aqueles mantida, aos alunos pobres a fim de poderem prestar concurso para o exame de admissão ao ginásio.

Adolescente, participou de várias agremiações literárias em São Luís, como o Grêmio Cultural Coelho Neto, que se reunia aos sábados nos Maristas; do Centro Cultural Graça Aranha, que se reunia nas noites de quinta-feira na mansão de Eder Santos, na Rua do Sol, esquina com a Praça Deodoro. Nos anos 50, foi presidente do Sindicato dos Professores Secundários de São Luís por vários anos. Sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão e membro efetivo da Academia Brasileira de Filologia, sediada no Rio de Janeiro, da qual é o atual presidente.

Entre 1952 e 1964, com exceção dos mantidos por ordens religiosas, praticamente lecionou em todos os estabelecimentos secundários de São Luís do Maranhão; fundou, em 1959, pela Campanha Nacional de Educandários Gratuitos, na Praça do Lira, onde funciona hoje a E.M. Sousândrade, o Ginásio Getúlio Vargas, que funcionava à noite. Daí foi guindado pelo governador Newton de Barros Bello a diretor do Liceu Maranhense, onde era catedrático de Língua Portuguesa. Fundou e dirigiu o jornal do Liceu Maranhense, que circulava encartado no Diário Popular.

Em 1958, pela antiga Faculdade de Filosofia do Maranhão, licenciou-se em Letras Neolatinas, ainda licenciando, começou a lecionar, na graduação dessa Faculdade, Literatura Brasileira e Língua Portuguesa. Bacharel (1963) pela Faculdade de Direito de São Luís.

Transferindo-se com a numerosa família para o Rio de Janeiro em 1964, logo começou a lecionar na antiga Escola Técnica Federal, hoje CEFET (1964), na Escola Técnica de Comércio Rio Grande do Sul (1964-65), na Escola Naval (1966-69), na Faculdade de Letras da Universidade Gama Filho (1965-66). Coordenou os três primeiros cursos de preparação para o Exame de Madureza (antigo artigo 99) mantidos pela Universidade de Cultura Popular, escrevendo, editando e ministrando aulas de português por quatro anos. Inicialmente, na antiga TV Continental, canal 9 (1966-67) e (1968-69), com o patrocínio da Shell, na TV Tupi, Canal 6, cujas aulas eram reproduzidas em cerca de 40 cidades brasileiras. Ininterruptamente, lecionou na Escola de Teatro Martins Pena, entre 1966 e 1972, História do Espetáculo e Impostação da Voz.

Doutor em Letras Vernáculas (1986) pela Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em 1970, começou a lecionar Língua Portuguesa na graduação e, depois, na pós-graduação da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde orientou várias dissertações de mestrado. Era representante eleito do Centro de Letras e Artes (CLÃ) no Conselho Permanente de Pessoal Docente (CPPD), quando se aposentou em 1997.

A convite, em 1989, encerrou a 18ª Semana de Estudos de Língua Japonesa, na Universidade Católica de Nanzan (Nagoya-Japão), pronunciando a conferência Breve notícia da ortografia portuguesa – Dos labirintos da scriptologia medieval aos prognósticos do próximo século, logo editada em japonês pelo periódico Academia daquela universidade.

Ainda a convite, em 2001, pronunciou duas conferências no Curso de Dicionarística promovido pelo Dr. Telmo Verdelho (Universidade de Aveiro), no Convento de Arrábida em Portugal, no Ano Internacional do Livro. Uma, sobre as edições críticas que subsidiaram o Vocabulário do português medieval, do saudoso lexicógrafo Antônio Geraldo da Cunha; outra, confrontando a estrutura do Dicionário poético, de Cândido Lusitano, pseudônimo de Filinto Elísio, (Lisboa: Simão Tadeu Ferreira, 1794) com o Dicionário analógico da língua portuguesa (Ideias Afins), do goiano Francisco Ferreira dos Santos Azevedo (São Paulo, Cia. Editora Nacional, 1950).

Tem sido intensa a produção ensaística de Antônio Martins nestes últimos anos. Vem ele regularmente publicando estudos de Filologia e de Crítica Literária em periódicos portugueses, alemães, japoneses e brasileiros. No Brasil, regularmente colabora na revista Confluência, do Liceu Literário Português; na da Academia Brasileira de Filologia, da qual é um dos diretores. Vem, outrossim, participando de Miscelâneas em homenagem aos grandes nomes da Linguística, como nas de Luciana Stegagno Picchio, de Celso Cunha e de Adriano da Gama Kury.

Como presidente executivo, em setembro de 2007 promoveu na recém-inaugurada sede do Centro de Cultura Anglo-Americano (CCAA) do Rio de Janeiro, o Congresso Internacional de Língua Portuguesa, Filosofia e Literaturas de Língua Portuguesa, que reuniu mais de 300 universitários na plateia, e, além de vários educadores nacionais, trouxe diversos especialistas de fora, a saber 16, de Portugal; dois do Japão; dois da Suíça; dois da Espanha e um dos EUA, especialistas todos em nosso idioma e/ou nas literaturas desse idioma.

Com o excelente material, em primeira mão recolhido no evento supracitado, elaborou dois importantes projetos para 2008: os de ministrar dois cursos de extensão universitária em nível de mestrado, com 75 horas-aula e 25 de pesquisa orientada, sobre A Língua Portuguesa no Mundo Globalizado do Terceiro Milênio. Um, em março, na Casa de Cultura Josué Montello; outro, em abril, em uma universidade da cidade de Águas Claras, próxima de Brasília.

Convidado para participar, como membro do Conselho Científico, do Congresso Internacional de Estatística promovido pela Universidade de Lisboa, em convênio com a de Chemnitz (Alemanha) em maio de 2008 naquela, ali pronunciou uma conferência sobre Os Empréstimos Eslavos no Português do Brasil; depois do que falou sobre Peculiaridades Léxico-Semânticas do Português do Brasil, em Universidades de Aveiro, Braga, Coimbra, Lisboa e Porto.

De sua extensa bibliografia citam-se: Arthur Azevedo: a palavra e o riso. São Paulo: Perspectiva; Rio de Janeiro: Universidade do Rio de Janeiro, 1988; A herança de João de Barros e outros estudos. São Luís: Edições AML, 2003; O menino do Ribeirão. São Luís: 2013; O peito do pelicano. Curitiba: Appris, 2014.

Especialista dos mais autorizados na obra do grande comediógrafo maranhense, Antonio Martins organizou e publicou, com crítica textual e introduções eruditas, 6 volumosos tomos do teatro completo de Arthur Azevedo, pela INACEN/FUNARTE no período de 1983 a 1995. E ainda desse mesmo autor, reeditou Carapuças/O domingo/O dia de finados. Rio de Janeiro: Presença, 1989; Contos fora da moda. Rio de Janeiro: Alhambra, 1982; Os melhores contos de Artur Azevedo. São Paulo: Global, 2001.

Em 24 de abril de 2014 recebeu em solenidade na Academia Maranhense de Letras o Título de Doutor Honoris Causa pela Univesridade Estadual do Maranhão.